Todos os esforços são necessários para alcançar um futuro mais verde e mais resiliente e, nesse caminho, uma etapa fundamental é o manejo sustentável das árvores. Mas a linguagem da silvicultura sustentável pode não ser fácil de falar e entender, e pode fazer com que muitos sejam deixados de fora de importantes debates globais. Portanto, antes do Congresso Mundial da União Internacional de Organizações de Pesquisa Florestal (IUFRO) no final de junho de 2024, junte-se a nós para um breve passeio pelos principais termos da silvicultura sustentável e prepare-se para participar da conversa onde quer que esteja.

1. Agrofloresta

Agrofloresta é o uso da terra que combina árvores com plantações, árvores com gado, ou árvores com plantações e gado, para criar um sistema no qual os componentes interagem de forma benéfica, melhorando a agricultura de várias maneiras: por exemplo, aumentando a produção agrícola, melhorando a renda agrícola e contribuindo para a conservação do solo e da água. 

2. Adaptação baseada em ecossistemas

A adaptação baseada em ecossistemas é uma estratégia de adaptação às mudanças climáticas que aproveita a biodiversidade, as soluções baseadas na natureza e os serviços de ecossistemas. Por exemplo, a proteção dos habitats costeiros, como os mangues, pode proteger as comunidades contra o aumento do nível do mar e as tempestades; o reflorestamento pode retardar a desertificação; e o plantio das árvores certas nos lugares certos pode reduzir o risco de inundações. 

3. Ameaças bióticas/abióticas

As florestas do nosso planeta estão sujeitas a uma série de ameaças. As ameaças bióticas são os efeitos nocivos de organismos vivos, como patógenos, pragas e ervas daninhas, sobre o crescimento, o desenvolvimento e a produtividade das plantas, desafios que a Unidade de Saúde das Árvores do CIFOR-ICRAF está trabalhando para entender melhor e enfrentar, especialmente porque a mudança climática leva à introdução de espécies invasoras em novas paisagens. As ameaças abióticas são de natureza mais física do que biológica e incluem fenômenos como tempestades, incêndios, secas e ondas de calor, que estão se tornando mais frequentes e intensos em muitos lugares à medida que o clima muda. Embora não possamos evitar a ocorrência desses eventos, podemos pelo menos trabalhar para mitigar a mudança climática o máximo possível e tomar decisões inteligentes sobre o uso da terra para melhorar a resiliência no local.  

4. Bioeconomia

A bioeconomia compreende as partes da economia que usam recursos biológicos renováveis – como plantações, florestas, peixes, animais e microrganismos – para produzir alimentos, saúde, materiais, produtos, têxteis e energia. Uma característica importante é que os subprodutos entram novamente na cadeia de valor para serem incorporados à produção de bens e serviços de maior valor. Nesse sentido, a Plataforma de Parceria Transformacional CIFOR-ICRAF sobre Soluções de Bioeconomia está trabalhando para impulsionar a colaboração multissetorial em direção a regiões saudáveis com recursos naturais gerenciados de forma sustentável no sul global. 

5. Floresta primária

Floresta primária significa uma floresta em regeneração natural de espécies de árvores nativas, onde não há sinais claramente visíveis de atividades humanas e os processos ecológicos não são significativamente alterados. Isso não significa que não sejam usadas por ninguém, mas que o manejo e o uso são cuidadosamente controlados, levando em conta a conservação a longo prazo da vegetação nativa e do habitat da vida silvestre. Essas florestas geralmente têm alta biodiversidade e capacidade de sequestro de carbono, além de fornecerem serviços essenciais ao ecossistema. Este ano, as principais organizações ambientais de todo o mundo, incluindo o CIFOR-ICRAF, se comprometeram a apoiar os esforços para proteger as florestas primárias remanescentes no mundo. 

6. Certificação

A certificação é um mecanismo voluntário e baseado no mercado para promover o manejo florestal sustentável, por meio do qual um terceiro independente inspeciona o manejo florestal e as práticas de uso para avaliar a conformidade com um conjunto de padrões ecológicos, econômicos e sociais. Os sistemas de certificação oferecem aos consumidores algum nível de garantia de que os produtos florestais provêm de florestas gerenciadas de forma responsável, embora sempre valha a pena investigá-los, pois nem todos os sistemas são iguais e os bons devem evoluir continuamente junto com as pesquisas mais recentes sobre o manejo florestal sustentável. 

7. Dendroecologia

Dendrocronologia é a ciência da datação e do estudo dos incrementos de crescimento anual (comumente conhecidos como anéis de árvores) em árvores. Essa disciplina está intimamente relacionada à dendroecologia, que se concentra na interação entre as árvores e seu ambiente, e usa anéis de crescimento como registros históricos para reconstruir mudanças ambientais e entender como as árvores respondem a essas mudanças. No Laboratório de Dendroecologia do CIFOR-ICRAF, estudamos o que as árvores, as florestas e as comunidades que dependem delas têm a dizer para abordar os problemas da mudança climática e os efeitos do uso da floresta e da mudança climática sobre a biodiversidade e os ecossistemas. 

8. Silvicultura comunitária

A silvicultura comunitária permite que as pessoas locais gerenciem diretamente as florestas em que vivem e das quais dependem para sua subsistência e sobrevivência. Parece simples, mas criar as condições certas para isso pode ser um desafio: a extensa pesquisa do CIFOR-ICRAF nesse campo destacou a importância das instituições de governança coletiva, o papel dos processos e plataformas de múltiplos participantes na tomada de decisões sobre o uso da terra, os caminhos de investimento e os impactos do reconhecimento dos direitos sobre os recursos naturais. 

9. Silvicultura de precisão

A silvicultura de precisão refere-se ao uso de tecnologias avançadas, como drones, escaneamento a laser e sensores de solo, para obter uma imagem detalhada e granular da saúde e dos padrões de crescimento de uma floresta e, consequentemente, refinar o planejamento e o gerenciamento para obter melhores resultados (por exemplo, mais sustentável, mais produtivo e com menos insumos). 

10. Produtos florestais não madeireiros (PFNM)

Os PFNM são produtos como frutas, castanhas, mel e plantas medicinais que podem ser colhidos das florestas sem derrubar as árvores. Estima-se que 1,5 bilhão de pessoas em todo o mundo coletam esses produtos para uso próprio ou para vender e ter uma fonte de renda. As abordagens de silvicultura sustentável reconhecem o valor dos PFNMs e buscam apoiar o manejo florestal para contribuir com a colheita sustentável. 

11. Recursos genéticos florestais

A capacidade dos agricultores e dos habitantes das florestas de produzir alimentos e outros bens e serviços depende da biodiversidade em genes, espécies e ecossistemas. No entanto, o mundo está sofrendo uma perda alarmante e acelerada de biodiversidade. O trabalho do CIFOR-ICRAF sobre recursos genéticos florestais tem como objetivo fornecer a ciência necessária para proteger a diversidade de árvores, domesticar árvores e fornecer aos agricultores o material de plantio adequado para alimentos, forragem, madeira e plantas medicinais. 

12. Extração seletiva de madeira

A extração seletiva é um método de colheita que envolve o corte cuidadoso de árvores selecionadas, deixando a maior parte da floresta intacta e dando às árvores restantes mais espaço para crescer. Isso requer monitoramento e análise cuidadosos de cada local para obter o equilíbrio certo entre a extração de madeira, a preservação e outros usos da floresta, conforme demonstrado pela pesquisa do CIFOR-ICRAF.