Pesquisa discute o potencial do dendê em SAFs na Amazônia

Estudo na Amazônia brasileira aponta caminhos para conciliar a produção de dendê com os meios de vida de agricultores familiares
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O estudo foi realizado com agricultores familiares do município de Tomé-Açu, Estado do Pará, Brasil. Foto: Daniel Palma Perez Braga

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Um novo estudo publicado na revista científica World Development Sustainability analisa as implicações dos meios de vida dos  agricultores familiares para a adoção da agrossilvicultura da palma de dendê na Amazônia Oriental Brasileira.  

O estudo mostra que agricultores familiares em Tomé-Açu, Estado do Pará, adotam uma ampla variedade de estratégias de meios de vida e usos do solo, formando mosaicos de sistemas agroflorestais com culturas comerciais, incluindo pimenta-do-reino, cacau, açaí e maracujá, dentre outras espécies orientadas ao mercado, e roças de mandioca e outras culturas alimentares entre remanescentes de florestas nativas e vegetação secundária em recuperação. Apesar do alto potencial de geração de renda e mercado garantido do óleo de dendê, poucos agricultores neste estudo optaram por plantar esta palmeira, que depende de firmar acordos de integração com as empresas que compram cachos de dendê para extrair seu óleo.  

Embora as empresas de óleo de dendê (conhecido mundialmente como óleo de palma) ofereçam aos agricultores familiares contratos de 25 anos, incluindo insumos, assistência técnica e financiamento, a grande maioria dos agricultores consultados neste estudo não estão dispostos a investir grande parte de suas terras e mão de obra em uma única cultura, que muitos consideram esgotar os solos e competir com outras culturas agrícolas.  

Os autores discutem se intercalar o dendê com sistemas agroflorestais poderia tornar este produto mais atrativo aos agricultores em pequenas propriedades rurais. No entanto, a ampla adoção desses sistemas de produção mais diversificados provavelmente exigiria adaptar os contratos com as empresas de forma a contemplar os objetivos e estratégias de meios de vida das famílias, por exemplo, de acordo com sua disponibilidade de trabalho e tamanho das terras agricultáveis, além de considerar as preferências de cultivo. Além disso, o estudo mostra que tanto sistemas agroflorestais quanto plantios de dendê podem conduzir ao sucesso econômico (relativo aos padrões de vida do local). Mesmo assim, a grande maioria dos agricultores pretende expandir agroflorestas, mas pouquíssimos querem plantar palma de dendê. 

Embora as agriculturas familiares sejam amplamente reconhecidas – tanto no Brasil quanto nos trópicos – como capazes de se adaptar a diferentes contextos e desafios diversificando suas estratégias de produção, os rígidos modelos de negócios, associados aos pacotes tecnológicos exigidos pelas empresas, nesse contexto, muitas vezes podem excluir as famílias do mercado de óleo de palma. 

Para mais informações sobre esse tópico, entre em contato com Andrew Miccolis A.Miccolis@cifor-icraf.org ou Daniel Palma Perez Braga daniel.braga@ufpa.br 

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