Iniciativas para proteger as florestas tropicais estão em alta diante do empenho dos países para cumprir seus compromissos relacionados ao clima, à biodiversidade e ao desenvolvimento sustentável. Contudo, pouco se sabe sobre os fatores que determinam o sucesso das iniciativas de conservação em diferentes locais, o que deixa as autoridades e os profissionais na dúvida sobre como aprimorá-las.
As avaliações de impacto tradicionais analisam se as ações reduzem a perda florestal geral em comparação com um cenário padrão, mas não explicam onde, como e em quais condições podem alcançar resultados melhores. Nas últimas duas décadas, os especialistas têm reconhecido cada vez mais a necessidade de compreender como diferentes contextos, opções de formulação e escolhas de execução afetam os trabalhos de conservação. Assim, o que aprendemos sobre os fatores que determinam a eficácia das ações de conservação florestal?
Para descobrir, pesquisadores do Centro de Pesquisa Florestal Internacional e Centro Internacional de Pesquisa Agroflorestal (CIFOR-ICRAF) examinaram 47 artigos revisados por pares, selecionados a partir de um universo de 1.486 estudos. Os artigos, que comparam áreas de controle e intervenção, analisam iniciativas de conservação florestal, inclusive incentivos, desincentivos e medidas facilitadoras.
“Uma conclusão de nossa análise é que as ações alcançam os melhores resultados nos locais em que as florestas estão sob maior risco de desmatamento – por exemplo, devido à expansão da fronteira agrícola –, o que significa que as autoridades e os profissionais devem priorizar essas áreas”, afirmou o autor principal Cauê Carrillho, que realizou a pesquisa como parte do Estudo Comparativo Global sobre REDD+ do CIFOR.
Entretanto, a análise também revelou outra constatação: a geração de novas conclusões sobre como diferentes fatores influenciam os resultados da conservação florestal requer um corpo de pesquisa maior e mais diversificado. Os estudos existentes tendem a concentrar-se em dois tipos de ações (áreas protegidas e pagamento por serviços ecossistêmicos (PSE)); os efeitos do contexto (por exemplo, governança, proximidade de rodovias, níveis de pobreza); e iniciativas realizadas na América Latina, principalmente no Brasil.
“As avaliações de impacto devem abordar a influência de diferentes fatores de forma sistemática e contínua”, afirmou o co-autor Colas Chervier, pesquisador de economia ecológica no Centro Francês de Pesquisa Agrícola para o Desenvolvimento Internacional (CIRAD) cedido para o CIFOR-ICRAF. “A formação dessa base de evidências é crucial para promover nossa compreensão coletiva sobre o que funciona e como maximizar os orçamentos existentes para a conservação florestal.”
Mais insights para políticas melhores
Como parte da análise, os pesquisadores do CIFOR identificaram categorias-chave relacionadas à formulação e execução da intervenção: o tipo de executor (por exemplo, nível nacional ou nível regional); a duração e o porte da intervenção; e os estilos de gestão adotados, como em que medida os seres humanos são permitidos dentro das áreas protegidas, ou se os PSEs se destinam a indivíduos ou comunidades.
Os cientistas também listaram aspectos contextuais que podem afetar os resultados, como o tamanho da população, os níveis de pobreza, a proximidade das florestas a rodovias, taxas de perda florestal, adequação da terra para a agricultura, e governança (por exemplo, os programas de PSE tendem a funcionar melhor onde o direito à terra é bem definido).
O pequeno número de estudos disponíveis sobre a maioria desses fatores e a dificuldade em isolar os efeitos de fatores específicos sinalizam que ainda não é possível tirar conclusões gerais. Porém, ao apresentar a situação atual, os autores acreditam que a análise pode servir como ponto de partida para que as avaliações de impacto avancem.
Para Carrilho, uma forma de fortalecer e matizar os estudos futuros é recorrer a abordagens qualitativas e quantitativas, sobretudo em locais de acesso limitado a dados: “Os estudos que oferecem informações mais complexas e detalhadas podem ajudar as autoridades e os profissionais a ajustar e combinar adequadamente as ações existentes, em vez de as descartarem por completo.”
Este trabalho foi realizado como parte do Estudo Global Comparativo sobre REDD+ do Centro de Pesquisa Florestal Internacional (www.cifor.org/gcs). Os parceiros de financiamento que apoiam esta pesquisa incluem a Agência Norueguesa de Cooperação para o Desenvolvimento (NORAD), a Iniciativa Internacional do Clima (IKI) do Ministério Federal Alemão para o Meio Ambiente, Conservação da Natureza e Segurança Nuclear (BMU) e o Programa de Pesquisa CGIAR sobre Florestas, Árvores e Agroflorestas (CRP-FTA) com apoio financeiro dos doadores do Fundo CGIAR.
We want you to share Forests News content, which is licensed under Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International (CC BY-NC-SA 4.0). This means you are free to redistribute our material for non-commercial purposes. All we ask is that you give Forests News appropriate credit and link to the original Forests News content, indicate if changes were made, and distribute your contributions under the same Creative Commons license. You must notify Forests News if you repost, reprint or reuse our materials by contacting forestsnews@cifor-icraf.org.