Identificando o que funciona para maximizar os resultados da conservação florestal

Um novo esforço para compreender onde e como as ações de conservação são mais eficazes
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Habitante local de Gede Pangrango, Dadin, Indonésia, pescando no lago com uma rede tradicional. Ricky Martin/CIFOR

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Iniciativas para proteger as florestas tropicais estão em alta diante do empenho dos países para cumprir seus compromissos relacionados ao clima, à biodiversidade e ao desenvolvimento sustentável. Contudo, pouco se sabe sobre os fatores que determinam o sucesso das iniciativas de conservação em diferentes locais, o que deixa as autoridades e os profissionais na dúvida sobre como aprimorá-las. 

As avaliações de impacto tradicionais analisam se as ações reduzem a perda florestal geral em comparação com um cenário padrão, mas não explicam onde, como e em quais condições podem alcançar resultados melhores. Nas últimas duas décadas, os especialistas têm reconhecido cada vez mais a necessidade de compreender como diferentes contextos, opções de formulação e escolhas de execução afetam os trabalhos de conservação. Assim, o que aprendemos sobre os fatores que determinam a eficácia das ações de conservação florestal? 

Para descobrir, pesquisadores do Centro de Pesquisa Florestal Internacional e Centro Internacional de Pesquisa Agroflorestal (CIFOR-ICRAF) examinaram 47 artigos revisados por pares, selecionados a partir de um universo de 1.486 estudos. Os artigos, que comparam áreas de controle e intervenção, analisam iniciativas de conservação florestal, inclusive incentivos, desincentivos e medidas facilitadoras. 

“Uma conclusão de nossa análise é que as ações alcançam os melhores resultados nos locais em que as florestas estão sob maior risco de desmatamento – por exemplo, devido à expansão da fronteira agrícola –, o que significa que as autoridades e os profissionais devem priorizar essas áreas”, afirmou o autor principal Cauê Carrillho, que realizou a pesquisa como parte do Estudo Comparativo Global sobre REDD+ do CIFOR. 

Entretanto, a análise também revelou outra constatação: a geração de novas conclusões sobre como diferentes fatores influenciam os resultados da conservação florestal requer um corpo de pesquisa maior e mais diversificado. Os estudos existentes tendem a concentrar-se em dois tipos de ações (áreas protegidas e pagamento por serviços ecossistêmicos (PSE)); os efeitos do contexto (por exemplo, governança, proximidade de rodovias, níveis de pobreza); e iniciativas realizadas na América Latina, principalmente no Brasil. 

“As avaliações de impacto devem abordar a influência de diferentes fatores de forma sistemática e contínua”, afirmou o co-autor Colas Chervier, pesquisador de economia ecológica no Centro Francês de Pesquisa Agrícola para o Desenvolvimento Internacional (CIRAD) cedido para o CIFOR-ICRAF. “A formação dessa base de evidências é crucial para promover nossa compreensão coletiva sobre o que funciona e como maximizar os orçamentos existentes para a conservação florestal.”  

Mais insights para políticas melhores 

Como parte da análise, os pesquisadores do CIFOR identificaram categorias-chave relacionadas à formulação e execução da intervenção: o tipo de executor (por exemplo, nível nacional ou nível regional); a duração e o porte da intervenção; e os estilos de gestão adotados, como em que medida os seres humanos são permitidos dentro das áreas protegidas, ou se os PSEs se destinam a indivíduos ou comunidades. 

Os cientistas também listaram aspectos contextuais que podem afetar os resultados, como o tamanho da população, os níveis de pobreza, a proximidade das florestas a rodovias, taxas de perda florestal, adequação da terra para a agricultura, e governança (por exemplo, os programas de PSE tendem a funcionar melhor onde o direito à terra é bem definido).  

O pequeno número de estudos disponíveis sobre a maioria desses fatores e a dificuldade em isolar os efeitos de fatores específicos sinalizam que ainda não é possível tirar conclusões gerais. Porém, ao apresentar a situação atual, os autores acreditam que a análise pode servir como ponto de partida para que as avaliações de impacto avancem.  

Para Carrilho, uma forma de fortalecer e matizar os estudos futuros é recorrer a abordagens qualitativas e quantitativas, sobretudo em locais de acesso limitado a dados: “Os estudos que oferecem informações mais complexas e detalhadas podem ajudar as autoridades e os profissionais a ajustar e combinar adequadamente as ações existentes, em vez de as descartarem por completo.”

Este trabalho foi realizado como parte do Estudo Global Comparativo sobre REDD+ do Centro de Pesquisa Florestal Internacional (www.cifor.org/gcs). Os parceiros de financiamento que apoiam esta pesquisa incluem a Agência Norueguesa de Cooperação para o Desenvolvimento (NORAD), a Iniciativa Internacional do Clima (IKI) do Ministério Federal Alemão para o Meio Ambiente, Conservação da Natureza e Segurança Nuclear (BMU) e o Programa de Pesquisa CGIAR sobre Florestas, Árvores e Agroflorestas (CRP-FTA) com apoio financeiro dos doadores do Fundo CGIAR. 

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