Artigo analisa o debate público sobre produção de dendê

Análise das barreiras para comunicação eficaz pode ajudar a construir diálogo mais qualificado para produção sustentável do dendê
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Oil Palm factory workers. Photo by Miguel Pinheiro/CIFOR-ICRAF

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‘O dendê é demônio ou está sendo injustamente demonizado?’ Buscando esclarecer essa questão, um grupo de pesquisadores investigou narrativas envolvendo a produção de dendê nos campos favoráveis e contrários.

Publicado em Current Opinion in Environmental Sustainability, o artigo de revisão Oil palm production, instrumental and relational values: the public relations battle for hearts, heads, and hands along the value chain aborda as barreiras à comunicação eficaz e à necessidade de se construir melhor diálogo em direção à produção sustentável de dendê.

Os autores sugerem que o debate sobre a sustentabilidade do dendê é, possivelmente, o tema mais polarizado no uso das terras tropicais. Por um lado, críticos questionam os impactos negativos em florestas tropicais, populações e biodiversidade; e por outro, seus defensores elogiam seu alto potencial para melhorar os ganhos dos agricultores e de criar empregos.

“Esse debate turvo exige distinções mais claras entre a cultura em si e como ela é produzida para se alcançar sistemas sustentáveis de dendê”, afirma Andrew Miccolis, um dos autores da revisão e coordenador nacional do CIFOR-ICRAF no Brasil.

“Não é a planta como tal, mas a maneira como tem sido produzida até agora que deve ser o foco da atenção, pois pode abrir caminhos para uma utilização mais social e ecologicamente desejável do potencial biológico da espécie em um ambiente apropriado”, conclui Miccolis.

O grupo de pesquisa formado por Betha Lusiana, Maja Slingerland, Andrew Miccolis, Ni’matul Khasanah, Beria Leimona, and Meine van Noordwijk examinou elementos do debate global considerando os ‘valores da natureza (VoN)’ e principais dimensões da moralidade.

Eles traçaram conexões entre três tipos específicos de VoN – ‘relacional’ (orientado para a harmonia), ‘intrínseco (orientado aos direitos) e ‘instrumental’ (orientado a objetivos) – e fundamentos da moralidade: Cuidado-dano, Justiça-desigualdade, Autoridade-subversão, Libertarianismo-regulação, Lealdade-traição e Pureza-impureza.

Os autores acreditam que “classificar essas diferentes perspectivas da realidade alinhadas com diferentes aspectos da moralidade permite que novos conhecimentos e compreensão surjam, avançando em direção a negociações mais eficazes para o desenvolvimento de cadeias de valor inclusivas do dendê que promovam o desenvolvimento econômico, a subsistência de pequenos produtores e a saúde ambiental”.

O grupo conclui que a análise de barreiras existentes para uma comunicação eficaz pode ajudar aqueles em desejam um diálogo mais frutífero em direção à produção sustentável de dendê.


O artigo está disponível aqui:

https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S1877343523000684?dgcid=coauthor

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