Olivia Revilla é uma estudante de silvicultura na Universidad Nacional Amazónica de Madre de Dios (UNAMAD) no Peru. Ela é uma das 13 alunas locais trabalhando com CIFOR na investigação do impacto da castanha-do-brasil na região. Esta é a sua história .
Meu nome é Olivia Revilla. Eu sou de Lima, mas minha família vem de Puerto Maldonado, em Madre de Dios, Peru.
A indústria de castanha-do-brasil é uma das principais atividades econômicas em Puerto Maldonado — é uma parte da cultura aqui. Meus avós eram castañeros (castanheiros) e passavam muito tempo na floresta. Mas eles mandaram seus filhos — meus pais, meus tios e tias — para estudar em Lima, Cusco e Arequipa. Assim, eles não continuaram a tradição da família.
Crescendo, eu passei metade do meu tempo em Lima e a outra metade em Puerto Maldonado. Eu adorava vir para a floresta nas férias. Então eu decidi que eu gostaria de ter uma carreira que tivesse algo a ver com a floresta, porque ela é muito especial para mim. É quase uma coisa espiritual para mim, eu sinto que tenho uma energia bonita quando estou na floresta. E é isso que me trouxe até Puerto Maldonado em tempo integral há seis anos para estudar silvicultura.
Este artigo é parte de um pacote de multimídia sobre a floresta amazônica. Veja mais em forestsnews.cifor.org/amazonia
Agora estou no último ano da minha graduação — e eu estou muito animada por estar terminando.
Precisamos fazer dois estágios práticos — são pré-requisitos para o diploma. Estamos fazendo o segundo com o Centro de Pesquisa Florestal Internacional — é a última coisa que eu preciso fazer antes de eu obter meu grau de bacharel.
A experiência tem sido excelente. Fomos com o castañero Pablo, que mora em Alegría. A família administra a floresta bem — eles extraem madeira, mas de forma legal e têm muito respeito pela floresta.
Todos os dias, os castañeros entram na floresta e recolhem os frutos de castanha-do-brasil, cobrindo-os com folhas de palmeira. Enquanto trabalham, começamos nossa pesquisa. Medimos o diâmetro, a circunferência e a altura da castanheira. Anotamos a condição da coroa, se há algum dano, se há lianas (trepadeiras) — qualquer coisa especial sobre esta árvore que pode ser diferente do normal.
Depois de os castañeros terem recolhido todos os frutos, eles começam a abri-los para extrair as castanhas. Nosso trabalho é contar o número de frutos produzidos por cada árvore e o peso das castanhas extraídas.
Quais são os desafios? Bem, cada vez que você vai para a floresta, vai encontrar insetos, como ácaros e carrapatos. Além disso, o dano à floresta causado pelas atividades humanas me afeta muito. Você pensa que está indo a uma floresta virgem, mas não é — é um castañal (concessão de castanha-do-brasil). E você percebe que a atividade humana sempre afeta a floresta e isso me entristece um pouco. Para mim, perceber que eu também sou uma parte deste efeito, é um desafio.
E há também os animais selvagens. Você tem que estar muito alerta o tempo todo, não pode relaxar por um minuto, porque tem que se concentrar — você pode ser picado por uma cobra. Portanto, este esforço que você faz todos os dias para ficar alerta é estressante.
Mas é bom estar no campo, ele te enche de uma energia que não se tem na cidade. Ela é mais limpa, mais rica – e você está mais perto da natureza do que outras pessoas.
Mais da metade dos estudantes do grupo são mulheres. Quando vamos para o campo com os homens, eles sempre tentam nos proteger, mas, no final, percebem que somos bastante independentes e aceitam que podem nos levar para a floresta. Depois que você pega o facão e começa a usá-lo, percebe que tem músculos também!
Eu gostaria de ver melhorias na colheita de castanha-do-brasil para evitar danos e melhoria na produção para que as pessoas continuassem a colhê-la. Devido à rápida expansão da mineração aqui em Puerto Maldonado, muitas pessoas abandonaram as atividades tradicionais como a colheita de castanha-do-brasil para ganhar mais dinheiro em mineração e outros setores.
Acredito que este estudo pode ajudar com este problema para que os castañeros possam ver que há pessoas interessadas em melhorar a produção de castanha-do-brasil para o futuro, para que seus filhos e netos possam continuar a ter uma boa renda com a castanha.
Depois de me formar, eu gostaria ser pesquisadora. Gosto de passar tempo na floresta. E a verdade é que precisamos de muito mais pesquisas para melhorar estas atividades florestais, para reduzir o desmatamento. Sempre que vou à floresta, eu noto que ela está sendo maltratada. Eu acho que é nossa responsabilidade como engenheiros florestais ajudar a reduzir isso. É o que eu gostaria de fazer quando me formar; pesquisar para ajudar a melhorar as atividades econômicas baseadas na floresta para que elas tenham menor impacto no meio ambiente.
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