De Andréa Zenóbio Gunneng, Brasil – www.conexaoverde.com
O principal benefício do mecanismo de redução de emissões por desmatamento e degradação florestal (REDD+), como o próprio nome diz, é o de reduzir emissões de gases de efeito estufa, principalmente de gás carbônico (CO2). Entretanto, múltiplos outros benefícios e co-benefícios são alcançados com o gerenciamento sustentável das florestas, como proteção da biodiversidade, conservação de nascentes, melhoramento da qualidade de vida dos povos das florestas.
A questão, entretanto, é que quando se tem um orçamento financeiro restrito, não se pode querer maximizar todos os alvos. “É preciso focar em um objetivo. Mudar o comportamento de como a terra é usada e explorada já é um desafio enorme ‘per si’. Claro que co-benefícios são desejados, mas o importante aqui é se alcançar a máxima eficiência dos projetos REDD+”, alerta Sven Wunder, principal economista do CIFOR.
Essa seria a posição ideal de um REDD+ projeto. Mas na prática, a realidade é outra, já que investidores – governos e iniciativa privada – desejam que múltiplos benefícios sejam alcançados pelos projetos que eles estão financiando, principalmente redução da pobreza e proteção da biodiversidade, apontou a diretora da Comunidade Climática e Aliança de Biodiversidade, Joana Durbin.
“Aqueles projetos que apresentam a possibilidade de produzir co-benefícios são os que os investidores estão dispostos a pagar por”, acentuou Durbin. Mesmo que então a quantidade prevaleça sobre a qualidade! Ou seja, diante da opinião e pressão pública, para os investidores é importante dizer que estão visando benefícios nestas e naquelas áreas, do que mostrar que estão alcançando positivos resultados em apenas um setor.
“Governos não estão implementando REDD+ no vácuo, mas eles têm compromissos com seus cidadãos – muitas vezes comprometimentos eleitorais” ressalta Durbin. Por outro lado, o mecanismo REDD+ é uma fonte de recursos financeiros para que os governos possam promover desenvolvimento sustentável em áreas rurais. Daí o interesse em investir no maior número possível de objetivos. “Múltiplos benefícios são então politicamente, moralmente e economicamente justificáveis”, pondera Durbin.
Alguns co-benefícios porém são alcançados independentes do design do projeto. Gustavo Fonseca, líder do setor de recursos naturais do Fundo Global para o Meio Ambiente (em inglês, GEF), exemplifica que, ao financiar a proteção de uma área, se observa que há uma probabilidade de sete a 11 vezes menor de que essa área seja desmatada, em relação a outros lugares que não são protegidos. “A questão então é: como melhorar esses benefícios sem perder de vista a proteção da biodiversidade?”, diz Gustavo. Para ele, os recursos financeiros não podem maximizar mais de um benefício ao mesmo tempo. “Por outro lado, em alguns casos, podemos introduzir a proteção da biodiversidade como um estímulo de investimento em um REDD+ projeto”.
Ou seja, a partir da realidade política e financeira (leia-se a demanda dos investidores) que se apresenta hoje, as melhores REDD+ iniciativas – e com maior probabilidade de receber recursos – são aquelas que melhoram as condições sociais dos povos das florestas, protegem a biodiversidade, permitem o pagamento por serviços ambientais, e protegem os direitos das populações indígenas – e não aquelas que somente diminuem as emissões de gases de efeito estufa.
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