BOGOR, Indonésia (20 de Março de 2012) _ As negociadores do sexo feminino em todos os setores de desenvolvimento, este ano a conferência Rio + 20 deve formar uma frente unida para pressionar pelo reconhecimento e políticas que apoio as mulheres no manejo sustentável de florestas – um esforço vital para o sucesso dos países esperando para fazer a transição para uma economia mais verde e mais sustentável.
“Enquanto os interesses das mulheres podem diferir dentro das linhas pensamento sobre desenvolvimento, muitas enfrentam desafios bastante parecidos. Mulheres negociadoras devem forjar uma frente comum, a fim de advogar por e dar voz a todas as mulheres, especialmente as muitas mulheres rurais que vivem em areas adjacentes ou no interior de florestas e que não têm acesso a fóruns de decisão”, disse Esther Mwangi, cientista do Centro para Pesquisa Florestal Internacional.
A Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável – a Rio +20, realizada no Brasil em junho de 2012, vai chamar os líderes mundiais a renovar seu compromisso com o desenvolvimento sustentável e apresentar um relatório sobre os progressos realizados pelos países ao investir e desenvolver alternativas mais verdes.
Alimentos, energia e empregos são apenas três das sete ‘questões críticas’ em discussão, no entanto, as florestas e o papel que homens e mulheres desempenham na sua proteção e conservação – vital para atender as necessidades de combustível, alimentos e produção dos países industrializados, e mais importante ainda, para a redução das emissões mundiais de gases de efeito estufa, não tem sido foi plenamente reconhecido.
Pesquisa anteriores do CIFOR mostraram que as mulheres envolvidas no manejo florestal sustentável podem ajudar a monitorar e proteger os recursos florestais, bem como ajudar na regeneração de áreas degradadas e melhorar os estoques de carbono necessários para as estratégias de mitigação do clima, como o REDD +. No entanto, elas ainda enfrentam preconceitos de gênero que as marginalizam de processos decisórios, ao acesso à terra e à novas tecnologias.
Com mais de 70 organizações de mulheres ligadas ao ambiente e desenvolvimento de todo o mundo unindo-se sob o Comitê Diretor das Mulheres na Rio 2012 para apresentar a sua visão e recomendações para um futuro sustentável, Mwangi está otimista de que, apesar dos desafios, grupos como esse vão incentivar a criação de “redes e coalizões”que permitam às mulheres “aumentar seu poder de barganha” durante discussões de alto nível.
“Fiquei agradavelmente surpresa com o enfoque de gênero no ano passado na COP17 de Durban e não espero menos da conferência Rio+20, que e um processo mais longo e, possivelmente, tenha sido infundida por princípios e idéias de uma variedade de instituições que têm focado no empodeiramento das mulheres a partir de múltiplas dimensões”, acrescentou.
Esta postagem foi retirada de uma entrevista com Esther Mwangi, cientista do CIFOR, quando ela falou sobre suas esperanças para a conferência Rio + 20 e sobre o papel das mulheres no desenvolvimento sustentável.
P: Como você gostaria de ver as mulheres incluídas nas negociações deste ano na Rio + 20, particularmente no que diz respeito ao manejo sustentável das florestas?
R: As florestas parecem ter saído do radar da Rio +20 e são consideradas apenas marginalmente, mas muitos dos serviços, tais como água, segurança alimentar e biodiversidade, são, até certo grau substancial relacionados com a cobertura florestal. No contexto dos ecossistemas florestais, homens e mulheres têm papéis importantes a desempenhar através de seu conhecimento, seu manejo, uso e práticas conservacionistas.
Apesar das melhorias recentes na política e na legislação, as mulheres ainda estão em um lugar muito menos desejável no que diz respeito à sua participação em fóruns de tomada de decisões – desde as margens das florestas até as grandes cidades onde as questões de sustentabilidade são frequentemente discutidas. Espero que a Rio +20 represente uma bem-vinda ruptura essa tendência.
P: Você acha que tem havido muito progresso na elevação de questões específicas de gênero para fóruns internacionais como este?
R: Os pesquisadores são conhecidos por se concentrar em fóruns internacionais que têm uma incidência direta sobre o seu objeto de investigação. Eu quase não participo neste tipo de fóruns, mas se a Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), em Durban que mereça atenção, parecia haver alguma atenção positiva ao gênero. Um grande número de eventos paralelos focaram em gênero, incluindo o 5o Dia da Floresta, do CIFOR, que teve uma sessão sobre gênero.
Fiquei agradavelmente surpresa com o enfoque de gênero no ano passado na COP17 de Durban e não espero menos da conferência Rio+20, que e um processo mais longo e, possivelmente, tenha sido infundida por princípios e idéias de uma variedade de instituições que têm focado no empodeiramento das mulheres a partir de múltiplas dimensões.
P: Parece haver uma falta de mulheres em cargos políticos e/ou técnicos capazes de representar as mulheres no nível político. O que é necessário para quebrar este ciclo?
R: Eu não acho que existe uma solução mágica, pois há muitos fatores entram em jogo. Para mulheres dos países em desenvolvimento, as barreiras são múltiplas, indo desde fatores institucionais, como a cultura, às mais individualizadas, como a falta de confiança e experiência na esfera pública ou mesmo atitudes e comentários depreciativos de colegas do sexo masculino.
Mas como melhorar a representatividade das mulheres? A obrigatoriedade de uma proporção de posições políticas e técnicas para as mulheres é uma coisa boa, é uma questão de prudência. Mas precisamos ter certeza de que competência não é comprometida em nossa busca da equidade quando ela só faz a vida mais difícil para todos e, possivelmente, reforça estereótipos negativos.
Mas precisamos também de uma rede de segurança, na forma de orientação institucionalizada e sistemas de apoio. Ninguém vive por conta própria e um coletivo que está por trás do indivíduo tem um senso crítico de força, pois somos tão fortes quanto o coletivo que nos define. Estas são apenas algumas coisas, eu acho que existem muitas outras coisas, incluindo conseguir o apoio ativo dos colegas do sexo masculino que, em muitas arenas políticas, permaneceram insensíveis às questões de gênero.
P: Para aquelas mulheres que representam seus países na conferência e que são capazes de influenciar as negociações, como eles podem defendemr melhor as necessidades de mulheres rurais, pobres, que poderiam dar a maior contribuição para a manejo sustentável das florestas?
R: Eu acho que as redes podem ser ferramentas poderosas para alcançar os objetivos e interesses de cada um. A construção de redes e coalizões com outras mulheres negociadoras deve forjar uma frente comum e aumentar o poder de barganha é um caminho possível para advogar por e dar voz a muitas mulheres rurais que vivem em areas adjacentes ou no interior de florestas.
Enquanto os interesses das mulheres podem diferir dentro das linhas pensamento sobre desenvolvimento, muitas questões são compartilhadas em comum e uma voz comum pode ajudar. Mas, cada vez mais, os formuadores de políticas estão inclinando-se para querer provas para sustentar as suas políticas. Isto também fornece uma oportunidade para as mulheres negociadoras alcançarem a comunidade de pesquisadores em um diálogo muito mais próximo do que antes.
Para garantir que a Rio+20 ofereça uma mensagem global de que as florestas são relevantes para o desenvolvimento sustentável, o CIFOR irá coordenar uma das conferências mais importantes sobre florestas no dia 19 de junho de 2012. Florestas: a 8a Mesa Redonda na Rio+20 vai discutir novos resultados da pesquisa, as lacunas de conhecimento restantes e as implicações políticas para a integração de florestas nas soluções a quatro desafios fundamentais para o progresso em direção a uma economia verde: energia, alimentos e renda, água e clima. As vagas são limitadas. Registre-se aqui, para evitar decepções!
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